terça-feira, 13 de outubro de 2009

O mal-amado

Pedro Mendes é um dos (felizmente poucos) jogadores mal aproveitados pelo Porto. Chegou ao Clube como uma aposta de futuro, uma segunda escolha para melhorar o banco, mas pouco mais que isso, dado que a equipa não sofrera alterações desde a época anterior: Deco, Maniche e Costinha, grandes responsáveis pela conquista da Taça UEFA, mantinham-se no clube, e a estes ainda se juntava Alenitchev. Porém, à medida que Mourinho foi alterando o sistema táctico da equipa para 4-4-2, Pedro Mendes foi progressivamente integrado na equipa, culminando com a sua titularidade no onze inicial que entrou em campo na final de Gelsenkirchen. Nunca foi um fora de série, mas foi e é um jogador extremamente regular e fiável.

Infelizmente, em mais um dos inúmeros episódios em que Pinto da Costa, coloca os interesses do Clube atrás do seu prazer em desfeitear o Clube do Regime (CR), a passagem do Pedro Mendes pelo Porto, foi curta. O inócuo Postiga, que saíra do Porto na mesma altura em que o Pedro Mendes fazia o caminho inverso, preparava sem grande surpresa o regresso a Portugal, dado que não se adaptara ao futebol inglês. Numa tentativa de vingar afrontas anteriores, o CR anunciou de forma tímida - não são de descartar aqui, as manobras de empresários - o seu interesse em Postiga, na crença, já manifestada em ocasiões anteriores e com resultados paupérrimos, que jogador que tenha sucesso no Porto, pode repeti-lo no CR. Estando os cofres do Porto recheados, por via das transferências de Paulo Ferreira, Deco, Ricardo Carvalho e afins, Pinto da Costa não pensou duas vezes - provavelmente, nem uma única vez - e deu de bandeja ao Tottenham, o Pedro Mendes mais 9 milhões de euros, em troca do Postiga. Esta decisão revelou-se desastrosa, na medida em que o Pedro Mendes estava a cumprir a sua primeira época no Porto, e estava, ao contrário de outros elementos como Maniche e Costinha, muito menos desgastado e desconfortável por jogar num campeonato de expressão inferior como o português, após a conquista da Liga dos Campeões, e valia (e poderia vir a valer) muito mais que os €600.000 em que foi avaliado na altura. Pinto da Costa recusou, diz-se, as vendas de Maniche e Costinha, por cerca de 20 milhões cada, por não querer desfalcar demasiado a equipa. No entanto, foi maior o prejuízo que o benefício com a manutenção "à força" destes dois elementos, mais tarde transferidos em pacote, para o Dínamo de Moscovo, por 30 milhões. Para completar o ramalhete, para além se perder o Pedro Mendes, veio Postiga fazer não se percebe muito bem o quê para Porto - e sim, foi importante no primeiro título de Jesualdo Ferreira, mas ficou-se por aí. Acima de tudo, nunca justificou o salário milionário que trouxe de Inglaterra, que Pinto da Costa não hesitou em lhe oferecer. Resultado: hoje em dia o Pedro Mendes brilha (poucas vezes, é certo, mas não por culpa própria) na Selecção; o Postiga nem sequer apresenta argumentos para ser convocado, e provavelmente ainda será recambiado de volta à base pelo SCP, que concretizou a barretada tentada(?) pelo CR.

Após a saída do Porto, Pedro Mendes prosseguiu a sua carreira em Inglaterra, com sucesso relativo. Julgo que não estará (muito) insatisfeito, mas depois de vencer a LC, teria certamente ficado muito mais satisfeito por continuar a sua carreira, numa equipa de nível semelhante ou superior, ao invés de desperdiçar o seu talento em equipas de 2ª linha nas Ilhas Britânicas. A recente exibição pela Selecção frente à Hungria, veio dar destaque a um jogador que merece pelo menos não cair no esquecimento.

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